A diástase, habitualmente, define-se como um afastamento dos músculos retos abdominais. Um artigo de Rúben Malcata Nogueira, especialista em cirurgia plástica, reconstrutiva e estética.
A parede abdominal é composta pelos músculos reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo e músculo transverso abdominal. Estes músculos são pareados – quer isto dizer que, se imaginarmos uma linha vertical que divide o abdómen, existe uma simetria à direita e à esquerda.
A integridade destas estruturas é fundamental em diversos aspetos:
Primeiro, na manutenção do conteúdo abdominal (vulgo intestino) dentro do abdómen. Em casos de fragilidade abdominal, pode ocorrer a existência de hérnias ou outro tipo de patologia com impacto funcional e estético importante.
Em segundo lugar, estes músculos são cruciais na manutenção de uma boa postura. A posição da coluna lombar é afetada diretamente pela qualidade da parede abdominal. Em terceiro lugar, e não menos importante, a integridade da parede abdominal é importante na prevenção de patologia do foro genitourinário – habitualmente incontinência urinária, incontinência fecal ou outro tipo de patologia pélvica.
Por último, a componente estética do abdómen tem um valor inestimável, sendo que, muitas das vezes, a principal queixa é a de uma “barriga partida”.
A diástase, habitualmente, define-se como um afastamento dos músculos retos abdominais. Na grande maioria dos casos, este afastamento está relacionado com a gravidez ou com grandes oscilações de peso. Na primeira, é um fenómeno fisiológico e necessário, com um componente hormonal importante, que permite o desenvolvimento do feto no útero (caso o abdómen se comportasse como uma parede rígida, não existiria possibilidade de distensão para poder acomodar o crescimento do feto); Na segunda, é um fenómeno que acontece por aumento da pressão intra-abdominal e que aumenta a suscetibilidade a patologias.
Na maioria das pacientes, a diástase fisiológica da gravidez resolve-se naturalmente passados 12 meses. Contudo, em cerca de 30-40% das mesmas, os músculos não regressam à sua posição “de origem”. Nestes casos, bem como nos casos de pacientes com grandes oscilações de peso, viramos a nossa atenção da prevenção para o tratamento, de forma a melhorar a qualidade de vida.
Como em qualquer outra patologia, podemos considerar tratamento conservador ou tratamento cirúrgico. Quando pensamos em tratamento conservador, estamos a falar de reforço muscular, melhoria da qualidade dietética e eventual apoio de fisioterapia. Ainda que estas medidas sejam fundamentais para a adoção de um estilo de vida saudável, habitualmente não são a solução para este problema, mas sim um adjunto de tratamento.
O tratamento mais eficaz na correção da diástase é obtido na realização de uma abdominoplastia. Através deste procedimento cirúrgico, é possível realizar o reforço muscular e o reposicionamento dos músculos retos abdominais, contribuindo para a reforço da integridade da parede abdominal, bem como para uma melhoria estética importante e ainda para o estreitamento da cintura. É obtido ainda um reposicionamento do umbigo, sendo que a cicatriz realizada para via de acesso fica escondida na roupa interior, permitindo ainda remover todo o excesso de pele e gordura acumulados.
A correção da diástase é fundamental na prevenção de problemas futuros.
Ainda que, na maioria das situações, o ganho imediato seja estético (e a melhoria da forma e estética abdominal seja inestimável), o ganho funcional obtido é um herói muitas das vezes esquecido – desde a melhoria da postura da coluna lombar, à melhoria de sintomas genitourinários ou ao reforço abdominal que evita o aparecimento de hérnias – a Abdominoplastia realizada por um Cirurgião Plástico competente tem o potencial de melhorar imensamente a qualidade de vida dos pacientes.